Um dia antes de se encerrar o prazo para registro de candidaturas, o Tribunal Superior Eleitoral empossa sua nova presidente.
A ministra Rosa Weber assume o cargo nesta terça-feira (14/08) com mandato até 2020 e substitui o ministro Luiz Fux.
Na mesma cerimônia, também serão empossados o ministro Luís Roberto Barroso, como vice-presidente do TSE, e Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), como corregedor-geral eleitoral.
Edson Fachin substitui a cadeira de Luiz Fux na Corte.
Conhecida por ser mais discreta, Rosa Weber não costuma dar entrevistas e ter seu nome citado na mídia. Mais reservada, ela tem sido inflexível em suas decisões. Além disso, a ministra deve ser decisiva em trâmites durante as campanhas eleitorais desse ano, como no caso do ex-presidente Lula.
Em junho de 2017, o TSE julgou o pedido de cassação da chapa que elegeu Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
As acusações eram referentes ao caixa dois com dinheiro de empresas investigadas por corrupção na Lava Jato. O voto de Rosa Weber foi um dos três favoráveis à condenação da chapa.
Em abril deste ano, ela votou contra um pedido da defesa do ex-presidente Lula, preso no mesmo mês, para que o petista respondesse o processo em liberdade.
Na ocasião, o voto de Weber foi decisivo, já que o posicionamento dos outros ministros era conhecido antes mesmo do julgamento.
À frente do TSE durante o recesso judicial, no mês passado, Rosa Weber negou o pedido do MBL (Movimento Brasil Livre) para declarar Lula inelegível antecipadamente.
Ela disse que não era possível analisar o processo, uma vez que o petista não tinha sido oficializado candidato à presidência.
A polêmica envolvendo Lula vai voltar à pauta da ministra nesta semana. Nesta quarta (15), último dia para registro das candidaturas à presidência da República, o TSE terá que analisar, mais uma vez, a possibilidade de um ex-presidente preso concorrer ao Planalto.
O Partido dos Trabalhadores (PT) já declarou que mobilizará petistas por todo o país para garantir o nome de Lula nas urnas.
Mestre e especialista em direito eleitoral, o professor Sávio Chalita acredita que a posse da ministra não vai mudar o fato do petista estar inelegível.
Lula foi condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão e não se enquadra na Lei da Ficha Limpa. Segundo Chalita, Rosa Weber não é conhecida por ceder a pressões externas.
“Não é uma ministra conhecida por uma flexão à pressão política assim. Nós temos uma situação atípica, mas, de outro ponto de vista, muito tranquila. Atípica porque teremos um cargo de presidente tendo essa discussão da ilegibilidade. E tranquila porque a legislação é chapada quanto à questão latente de ilegibilidade a ser reconhecida”.
O especialista disse que o PT deve seguir com a candidatura de Lula por cerca de duas semanas após o registro. Segundo ele, porém, o partido já sabe que não será possível mantê-lo na corrida presidencial.
Chalita destacou que a sigla tem até 20 dias antes das eleições para registrar o nome de outro candidato. Assim, antes do dia 17 de setembro, os petistas devem anunciar a chapa com Fernando Haddad à presidência e Manuela D’Ávila como vice. Ouça áudio abaixo.
Rádio Eldorado, com informações da Agência do Rádio